Consciência Negra e o racismo brasileiro



 | FORTALEZA (BRASIL)  

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Com respaldo da sociedade e da hierarquia católica, os invasores mataram milhares de homens, mulheres e crianças. O líder Zumbi dos Palmares, traído por um companheiro, preferiu entregar-se aos inimigos para evitar o massacre de mais gente. No 20 de novembro de 1965, foi fuzilado e teve seu corpo esquartejado em uma praça do Recife.
Mais de 300 anos depois, comunidades negras e quilombos são exemplos de resistência cultural e social do povo negro, em meio ao conjunto da sociedade brasileira, ainda injusta e discriminadora. Conforme o censo mais recente, 44% da população brasileira é afro-descendente, mas só 5% das pessoas se declaram negras.
Os dados mostram que as desigualdades sociais são mais profundas à medida que as pessoas pobres não só são empobrecidas, mas são negras. Dos brasileiros mais pobres, 64% são negros. O Brasil branco é 2,5 vezes mais rico que o Brasil negro. Nos últimos anos, as diferenças entre negros e brancos vêm se mantendo. Na educação, um branco de 25 anos tem, em média, mais do que o dobro de anos de estudo do que um negro da mesma idade.
O sistema de cotas, adotado por algumas instituições públicas, continua provocando polêmica. Poucas universidades adotaram este sistema. Muita gente se opõe às cotas, argumentando com o critério do mérito para os mais capazes. Alguém denominou de meritocracia o governo dos mais capazes. Só entra na universidade quem consegue provar ser melhor que todos que com ele concorrem.
Aristóteles já dizia que tratar de modo igual a pessoas desiguais é injustiça. Só reforça a desigualdade. Só o sistema de cotas não resolverá a desigualdade social ou racial. Mas, se, além das cotas, a universidade garante um acompanhamento especial e o sistema de cotas é integrado a critérios de justiça, pode tornar-se instrumento de integração social.
Não se trata de formar maus profissionais ou doutores medíocres, só para se ter índios ou negros diplomados. Abrir a universidade, como também outros espaços da vida social a todas as camadas do povo brasileiro, exige não só garantir uma vaga na instituição, mas também dar um acompanhamento direto e investir nesta integração.
De acordo com dados oficiais, entre os 3,5 milhões de universitários brasileiros, os negros já constituem quase um milhão. No ensino fundamental são 45%. É uma realidade melhor do que há poucos anos, quando a proporção era escandalosamente maior. Daqui há pouco, não acontecerá mais o que me contava um amigo pastor. Ao visitar uma grande empresa nacional, foi convidado ao escritório do diretor-presidente.
Quando entrou na sala luxuosa, viu do outro lado da mesa não um senhor louro de paletó e gravata, mas uma moça negra e jovem. Levou um choque. A sociedade inteira precisa deste choque de amor e justiça. Dom Pedro Casaldáliga diz: “a solidariedade é o novo nome da sociedade humana; a ternura dos povos”.
Fonte: Marcelo Barros - Monge beneditino e autor de 26 livros
         http://www.voltairenet.org/article131351.html


MORGAN FREEMAN ENSINA O QUE É RACISMO DE VERDADE EM 40 SEGUNDOS



Queridos brasileiros e brasileiras,
Está rolando no facebook esse vídeo acima do Morgan Freedman, ator nos Estados Unidos nos ensinando  como acabar com o racismo em 40 segundos. Esse vídeo é bem perigoso para nós no Brasil se a gente não entender que a luta do racismo, escravidão e segregação nos Estados Unidos tem uma história bem diferente da brasileira, especialmente no que tange a história dos Direitos Civis e toda a luta engendrada por Martin Luther King Jr. e que ainda precisa continuar a ser feita nos Estados Unidos. Por mais que seja bom pensar como Morgan Freeman, o racismo não vai embora se simplesmente não existir um mês de consciência negra.
Da mesma forma que temos dia das crianças, do índio, do negro, da mulher, dos portadores de deficiências físicas, dia da reforma agrária,  disso e daquilo, muitos deles criados pela ONU, UNICEF e governos de diversos países. Esses dias tem a intenção de chamar a nossa atenção para os problemas ainda existentes em nossa sociedade quanto à esses grupos de pessoas e do contínuo esquecimento das lutas e direitos ainda a serem adquiridos. Esses dias não esgotam seus problemas mas nos chamam  atenção à necessidade de mudanças, por isso sua existência. Mas o ponto aqui nem é se é bom ou ruim o mês da consciência negra mas sim a indevida apropriação no Brasil, visto nossa história contra o racismo no Brasil ter ainda muito por ser feita.
Também,  nós brancos gostamos do vídeo porque parece nos dar a sensação de dizer: pára de falar dessa coisa de racismo que eu não aguento mais! É como se a gente precisasse de 40 segundos e da fala de um negro para eliminar a nossa contínua luta contra o racismo.  Dizer que devemos parar de chamar um ao outro de preto e branco e que isso vai acabar com o racismo é no mínimo simplista, e no máximo, outro ato racista, de abandono da questão que nos marca enquanto brasileiros. Quem dera se ao não chamarmos uns aos outros assim faria tudo acabar. Talvez seja um passo, não sei, mas nossa luta contra o racismo cordial e explícito em nosso país e  que acontece todo e santo dia, precisa ser combatido, com 12 meses de consciência negra!! A cada dia uma oração pessoal de perdão por sermos e continuarmo as a ser racistas. Porque o racismo só vai começar a acabar quando cada um de nós assumir: sou racista!
E aproveitando, nesse 20 de novembro, aos meus irmãos negros e minhas irmãs negras, me lembro que é nos meus 365 dias de vida que tenho que oferecer minha solidariedade, meu constante pedido de perdão e luta pela igualdade que um dia virá! Como continuarei a luta com as mulheres, com as crianças, com os índios, com os portadores de deficiências físicas…
Cláudio Carvalhaes

Fonte: http://www.claudiocarvalhaes.com/blog/morgan-freeman-ensina-e-racismo-de-verdade-em-40-segundos-uma-critica/


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